Hirschman e a dessacralização da epopeia do desenvolvimento por um desenvolvimentista

Este ensaio se inspira na obra de Albert Otto Hirschman, personagem peculiar e pensador brilhante morto em dezembro de 2012, cuja trajetória incluiu longa e estreita relação com a América Latina, inclusive o Brasil. Atribuir-lhe, desde logo, a condição de economista poderia empobrecer o perfil de um autor reconhecidamente profícuo e com um pensamento tido como “polifônico” (McPherson, 1988, p. 319) pela amplitude dos temas que tratou e pelos variados conceitos e enfoques que era capaz de mobilizar. Cultivava “a arte de ultrapassar fronteiras”, sobretudo, as disciplinares, num estilo despretensioso que torna leve um raciocínio sofisticado baseado em notável erudição.